7 de setembro de 2012

O estúpido vício de amar você


Alguém viu o meu amor próprio por aí? Meu coração ainda vem na boca com uma mensagem dele. Arranquem o perfume impregnado na minha pele, no grito, no tapa. Batam na minha cara para ver se a vergonha aparece. Já tenho diagnóstico: estupidez aguda. Tentei usar o tempo como cura, mas a presença dele ainda inquieta meus sentidos, adormece minha razão. A sanidade perde feio pra um olhar dele. Alguém me traz um espelho, preciso ver para relembrar os hematomas no corpo inteiro e a cicatriz do lado esquerdo. Ele vem sempre com as mesmas palavras, as mesmas mentiras, o mesmo egoísmo. E minha fantasia ainda distorce cada letra. Meus neurônios sinalizam não e minha língua sonoriza sim. Os fatos me mandam embora, mas seu jeito sem vergonha contamina minha decisão. Eu fico, como boa idiota que sou. Faço vista grossa uma, duas, três vezes mais. Não dá mais. Então a indiferença dele passa a envenenar meu desejo. A vaidade dele corrompe o mundo paralelo que criei. A cama vazia de manhã berra por uma migalha de bom senso. Mudo a fechadura, o número do telefone, os lugares que frequento. Tomo doses controladas de juízo e finjo esquecimento. Até, na curva do sorriso dele, esbarrar outra vez com a minha insanidade.

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